A importância dos abrigos de animais e seus desafios

Abrigos de animais deveriam ser lugar de passagem, mas na prática, tornou-se, na maioria das vezes, um lugar de acolhimento definitivo de animais, gerido por pessoas que se dedicam exaustivamente a tentar cuidar desses seres que chegam em total estado de vulnerabilidade, abandonados à própria sorte por seus próprios tutores. Sem previsão de saída, muitos deles como não são adotados, envelhecem e morrem à espera de alguém que os adote.

Foto: Lar Irá Amor e Vida

Muito destes animais já fizeram parte de alguma família, a maioria deles foi abandonada exatamente por aqueles que deveriam prezar por sua tutela, isso inclui bem estar, proteção, saúde e cuidados.

O fato é que muitas vezes ao se trazer um animal para o convívio familiar, não é feito um planejamento de longo prazo e, por simples desinteresse ou quando aparece um obstáculo, uma mudança de vida, trata-se o animal como um objeto que já não serve mais, que não se encaixa mais na vida desta família e assim, este cão ou gato é abandonado em ruas.

Um animal doméstico, como um cão ou gato vive em média 10 a 15 anos, às vezes, alguns, quando bem cuidados, chegam a 20 anos, logo, o planejamento a ser feito deve, além de prever todas as fases do animal e as necessidades inerentes a cada uma delas, necessita, também incluir esse tempo de convivência.

Nesse período, a vida da família pode passar por diversas mudanças e o normal é que isso aconteça, isso significa que você precisa, em qualquer que seja a surpresa, ou transformação prevista ou não, planejar em como incluir seu animal. Não dá para ser egoísta e pensar que depois, na hora se resolve, o pet faz parte de sua vida, então é sua responsabilidade o destino dele, além do que é importante que fique claro que abandono de animal é crime, passível de punição. As leis estão endurecendo nesse sentido, isso faz parte dessa evolução positiva da sociedade que passa a perceber o quanto precisa tomar para si responsabilidades. A questão é que, como em todo processo evolutivo, alguns demoram a acompanhar o ritmo e caminham a passos lentos. Para esses, nesse caso de abandono de animais: As leis.

Foto: Lar Irá Amor e Vida

O problema acontece quando para alguns a solução é abandonar o animal no primeiro obstáculo, ou até mesmo por conta de seus interesses, abandona-se animal nas ruas, em frente a abrigos, alguns são arremessados por cima de seus muros covardemente, ficando para outras pessoas a responsabilidade de cuidar desse animal, normalmente doente, idoso e principalmente destruído emocionalmente, porque animais sentem falta de sua família, de seu espaço, sofrem, não compreendem o abandono, é preciso que se saiba disso.

Fica então para pessoas que se reúnem e com muito esforço estruturam um local, ao qual chamamos de abrigo para acolhimento desses animais, a responsabilidade de cuidar deles fisicamente e emocionalmente, mas são tantos animais nessa condição que dificilmente conseguirão cuidar plenamente desses seres indefesos. Por mais esforço que se faça, esses locais constantemente estão em dificuldades de toda natureza, sempre falta espaço, comida, atendimento médico, remédio, há sempre boa vontade de voluntários, funcionários, gestores, cuidadores, mas a quantidade de animais necessitados é muito superior, o tempo todo, a tudo isso.

Conversamos com Iracema Nunes, Fundadora do Lar Irá Amor e Vida, para ela compartilhar suas experiências e um pouco de seus desafios, seu abrigo tem mais de 10 anos, ela nos conta que em seu caso, o Abrigo funciona como um lar temporário, ela cuida dos animais que chegaram para ela, em sua maioria gatos, eles passam por acompanhamento veterinário para tratamento de suas doenças, são vermifugados, vacinados castrados e depois de recuperados plenamente são colocados para adoção, dando espaço para outros serem cuidados. Ela afirma que “os desafios estão no custo de manutenção diária, alimentação, medicação, até porque o abrigo nunca esvazia, sempre chega mais animais e as adoções caem a cada dia, principalmente as dos gatos, eles sofrem muito com preconceito, há ainda muito estigma em relação aos felinos”.  O abrigo, assim como a maioria deles, vive de doações e muitas vezes de seus próprios recursos pessoais. Não recebe apoio de entidade governamental e nem de empresas.

Foto: Lar Irá Amor e Vida

Os desafios vivenciados por Iracema Nunes em seu abrigo se repete na maioria das Instituições, basta ver em redes sociais os constantes apelos e desespero nos pedidos de ajuda que são feitos quase que diariamente. Não existem políticas públicas destinadas a cumprir esse papel social, ainda há muito o que fazer, a situação do abandono de animais, além de maldade, precisa de atenção urgente, o descontrole populacional dos animais de rua tendem a se tornar uma questão de saúde pública, doenças zoonóticas podem ser uma de suas consequências, sem falar na crueldade que é ver tantos animais entregues à própria sorte.

Abrigos realizam um trabalho que ninguém se propõe a fazer, ajudá-los é uma questão de bom senso, apoio, suporte financeiro, emocional para seus gestores, dentre tantas necessidades que eles têm. Não deve ser fácil, dormir e acordar preocupados em ter quantidade de ração suficiente para alimentar tantos, em conseguir tratamentos. Precisamos dar mais atenção a esta situação, desde às suas causas à seus efeitos. Essa responsabilidade recai sobre todos, passa por tutores que teimam em abandonar animais, à gestores públicos que já deveriam ter construído estratégias para minimizar essa situação.

Que a sociedade consiga trazer um olhar mais responsável e assertivo sobre questões que impactam diretamente a vida de todos, que tenhamos um olhar mais sensível sobre os animais, eles dependem de nossa atitude. Somos nós que temos a obrigação da solução.

Petshopshow 🐾

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