Não só quem atende diariamente animais em seus consultórios, mas, também seus tutores, tem percebido o valor de um companheiro sincero, amoroso e dedicado, nesse momento de tanto sofrimento, medo, duvidas e ansiedades. Esses anjos têm sido um amparo, um respiro e um sinal importante de que nem tudo está perdido. Em meio a tantas incertezas e contradições, podemos contar com um companheiro forte, presente e sensível ao nosso sofrimento e nossa necessidade de um amigo verdadeiro. Como profissional médico veterinário e tutor de algumas preciosidades dessas, posso afirmar que não sei o que é tristeza ou solidão, quando as mesmas estão ao nosso lado. Nada exigem, a não ser atenção e carinho e como retribuição, lambidas, cheiradas , abraços e afagos. Como espírita, enxergo uma grande luz a frente do túnel que atravessamos, pois temos aliados fortes ao nosso lado. Cães farejadores, cães guia, cães de guarda, cães de companhia, sempre trabalhando de alguma forma, desde o inicio dos tempos, quando começaram a ser domesticados e tornaram-se grande aliados do homem na caça, defesa e companhia.
Também os gatos, pássaros e mesmo os pequenos pets de companhia; cada um tem o seu significado e sua importância no nosso mundo atual. Enche nosso coração de tristeza ver tão fieis companheiros largados a própria sorte, sucumbindo pela fome, doenças e acidentes, tudo causado pela falta de amor daqueles que resolveram criar e depois abandonaram um ser inocente e dependente.
Poderíamos denominar abandono de incapaz, mas a natureza os dotou de forte instinto de sobrevivência e eles lutam até o fim de suas forças pela vida. Sobrevivendo e muitas vezes procriando novos abandonados.
Criados com cuidados, carinho, atenção e respeito, animais de companhia são uma fonte viva de amor e felicidades. Mal cuidados e abandonados, podem tornar-se fontes das temidas zoonoses, como a raiva, leptospirose, dentre outras. Essa quebra de respeito aos animais, tem sido responsável por muito sofrimento da humanidade, na forma de endemias, epidemias e pandemias, como agora enfrentamos. O consumo desenfreado e descontrolado de proteína de origem animal, abre uma porta para a disseminação de patologias, que poderão vir em sequência ao coronavírus COVID 19, ocasionando grandes perdas de vidas humanas.
Como médicos veterinários, somos conselheiros, orientadores e profissionais de saúde, antes de sermos médicos de cães e gatos. Nossa responsabilidade, dividida com os cuidados dos tutores e a atenção dos órgãos de saúde, é a única fechadura que pode manter essa porta fechada e impedir a disseminação de doenças, permitindo uma relação prazerosa e segura, entre o homem e os animais. Sejamos conscientes, desde o momento que antecede a aquisição de um pet, seja adotado, comprado ou presenteado. Lembremos que ao longo da existência desses animais, conviveremos com filhotes destruidores, barulhentos e traquinas, adultos tranqüilos e companheiros e idosos, que necessitarão ainda mais de nossa atenção e cuidados. Lembremos que a educação de uma animal é de nossa responsabilidade. Se o animal torna-se agressivo, desobediente, destruidor ou mal educado, quem falhou fomos nós, por falta de alguns minutos de dedicação, para educar um pequeno ser, que retirado de sua mãe nas primeiras semanas de vida, não aprenderão o que é ser um cão e não podem aprender a ser uma pessoa.
Finalizando esse pequeno texto, exaltamos o efeito terapêutico dos animais em patologias bem conhecidas como a ansiedade, depressão, pânico, claustrofobia, alzheimer, dentre outras e enfatizamos que ao cuidar daqueles que estão dispostos a sacrificar suas vidas, sem pestanejar, em nosso favor, estamos cuidadndo de nós mesmos e do nosso futuro.
Autor do texto:
Dr. José Eduardo Ungar de Sá
Médico Veterinário
Presidente da CESPV – CRMV – BA
Atua com clínica geral, cirurgia geral, criocirurgia, nutrição, laboratório (hematologia, bioquimica, hormônios, microbiologia, imunologia, biologia molecular, parasitologia, urinalise)