Castração de pets. E agora, o temperamento do meu animal de estimação vai mudar?

A decisão de castrar os bichos de estimação não é fácil para muitos tutores. Isso porque, ainda nos dias de hoje, circulam muitas informações equivocadas sobre a esterilização. Não falta quem a considere perigosa, prejudicial à saúde dos bichos ou capaz de deixá-los tristes ou preguiçosos. E entre os muitos mitos sobre o procedimento, a tão falada mudança de temperamento dos pets é um dos motivos pelos quais algumas pessoas dizem não à cirurgia.

O publicitário Pedro Rocha, de 43 anos, é uma delas. Tutor de duas gatas, Rocha não castrou Lala, de 4 anos, por receio do que aconteceu com a mais velha, de 8 anos. “Flora abriu os pontos e precisou passar por outra cirurgia. Foi muito complicado. Depois disso, se tornou uma gata medrosa, muito tensa e menos feliz. Tenho medo de Lala mudar também”, revela.

São experiências difíceis como a do publicitário Pedro Rocha que, muitas vezes, alimentam crenças equivocadas sobre as consequências da castração. A veterinária da clínica Felina e presidente da Comissão de Ética, Bioética e Bem Estar Animal do Conselho de Medicina Veterinária da Bahia, Ilka Gonçalves, é taxativa ao afirmar que a cirurgia não muda o temperamento dos animais a ponto deles se tornarem tristes ou distantes. “Uma castração que não teve tanto controle de dor ou um pós-operatório difícil pode traumatizar os animais e isso, sim, pode mudar o temperamento deles; a cirurgia, em si, não”, afirma.

Mas é importante distinguir as mudanças de personalidade das mudanças de comportamento, que se manifestam com frequência após a castração e são vistas como positivas. “Os animais tendem a ficar mais calmos depois de castrados. O macho, por exemplo, consegue sentir o cheiro da fêmea em uma distância considerável, e, ao detectar isso, tende a sair mais de casa e ficar muito agitado por causa do estímulo hormonal. Na castração, retira-se esse estímulo e os machos acabam ficando mais calmos porque não procuram mais a fêmea”, acrescenta.

No caso das fêmeas não castradas, o comportamento mais agitado se dá pelo instinto materno, informa a especialista. “As gatas tendem a ser mais rueiras porque existe nelas uma necessidade natural de cuidar da prole. Mas quando são impedidas de cruzar, no caso, por conta da cirurgia, minimiza-se esse hábito de sair de casa e elas tendem a ficar mais tranquilas, mas isso não quer dizer que todas reagem da mesma forma. Alguns animais ficam mais tranquilos, outros não. É a personalidade que vai definir”, destaca.

A engenheira Audrey Borde não notou nenhuma diferença no temperamento de Messi após a castração.

A engenheira ambiental Audrey Beraldo Borde, de 35 anos, por exemplo, não viu muitas mudanças em seu gato Messi após esterilização. “Ele continuou carinhoso, companheiro e brincalhão”, conta. Outra que não notou diferença no seu cachorro foi a estudante Clarissa Dantas, de 24 anos, que optou pela cirurgia depois de se informar com veterinários sobre os benefícios do procedimento. “Zeca foi castrado depois de fazer um ano e continuou do mesmo jeito: ativo, esperto e animado”, revela a jovem.

 

Idade – A castração é indicada a partir dos dois meses quando há concentração grande de animais em abrigos, por exemplo. “Aquela história de que a fêmea tinha que ter uma barriga para ter uma vida mais saudável caiu por terra. O que ja é comprovado é que quando castra antes do primeiro cio, reduz-se o risco de desenvolver tumor na mama em mais de 90%”, afirma a veterinária.

Mas quando os bichos não são de abrigo, o indicado é fazer a cirurgia a partir dos cinco meses de idade. E é importante ressaltar que não existe limite de idade máxima para castrar o animal, desde que se façam exames para verificar a função cardíaca, a função renal. “Quanto mais informação temos do indivíduo, mais segurança teremos para fazer o procedimento”, destaca Ilka Gonçalves.

Veja abaixo alguns dos benefícios da castração:

– Diminuição de risco de tumores nos órgãos reprodutores;
– Diminuição de brigas por territorialismo que se dá pelos hormônios;
– Elimina-se, nas fêmeas, o risco de infecção uterina, ovário policístico e hiperplasia mamária;
– Nos machos, há a diminuição de tumor nos testículos;
– Diminuição do interesse em sair;
– Os machos diminuem ou param de urinar nos lugares para demarcar território;
– As fêmeas deixam de se estressar com os cios;
– Diminuição e animais abandonados nas ruas;

 

Kleyzer Seixas Guedes
Jornalista

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