Se o baixo estoque de sangue é um problema frequente nos hemocentros do país, a situação é ainda mais difícil nas unidades de coleta para os animais. Isso porque muita gente, inclusive tutores de bichos, desconhecem a necessidade da doação de sangue para salvar a vida dos pets. Em Salvador, os três postos de captação – Hemocentro, na Diagnovet, Hemodog, na Diagnose Animal e Hospital de Veterinária da Universidade Federal da Bahia (Ufba) -, operam com dificuldade. São poucos doadores para uma demanda grande e dificilmente há estoques.
Sem sangue, falta material procedimentos e cirurgias. “A terapia com sangue nos animais, assim como nos seres humanos, é necessária frequentemente para o tratamento de várias patologias, traumas que exigem a reposição sanguínea para manter a oxigenação de tecidos, leucemias, neoplasias sanguíneas e linfáticas, entre outros”, informa o diretor do Hospital de Veterinária da Ufba, João Moreira.
Na Diagnovet, falta sangue principalmente para gatos, segundo o veterinário Fernando Oliveira. “Com os gatos, tem a dificuldade de levá-los e contê-los e, além disso, eles têm vários tipos sanguíneo – A, B e AB – enquanto os cachorros tem dois, sendo divididos entre doadores e receptores. Sempre estamos correndo atrás porque a demanda é muito grande e temos, em média, uma bolsa de sangue para cada 10 animais”, afirma o especialista.
Para estimular a doação em Salvador, os centros de coleta realizam campanhas educativas regularmente. “Incentivamos a doação de sangue esclarecendo a importância social, os benefícios dos vários exames, que é um excelente check up para o animal, e promovendo a continuidade da saúde desse doador com medicação”, afirma a veterinária da Diagnose Animal, Suzana Spínola.
Os postos também oferecem benefícios para quem leva os bichos de estimação para fazer doação de sangue. Como contrapartida, o Hemodog realiza exames gratuitos nos doadores, vermífuga e dão remédio pra evitar carrapatos. Na Diagnovet, animais têm descontos em exames, consultas e são vermifigados. Já no Hospital de Veterinária da Ufba, as consultas são gratuitas para os animais que doam sangue.
Para que os animais possam fazer a doação, é necessário atender a alguns requisitos, que são diferentes para cães e gatos em alguns pontos, explica a veterinária Suzana Spínola. Os cachorros precisam ter a partir de 28 quilos e podem doar, no máximo, 430 mililitros enquanto os gatos devem pesar acima de 4 quilos e meio, podendo doar até 50 mls.
Mas tanto os gatos quanto os cachorros devem ter entre um e oito anos, estar devidamente vacinados, ser domicilados, não podem estar gestantes e não ter ectoparasitose. As doações podem ser feitas de três em três meses.
Kleyzer Seixas Guedes
Jornalista