Antídoto para tristeza

Contato com bichos de estimação melhora quadros de depressão, diz estudo.

A depressão está mais perto de nós do que imaginamos. Os registros da doença aumentaram quase 20% nos últimos dez anos em todo mundo, e no Brasil, são mais de 11,5 milhões casos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Mas eis que, diante desse cenário desanimador sobre uma patologia cujo tratamento não é fácil e que requer vigilância diária, surge uma boa notícia: o contato com animais de estimação é uma espécie de antídoto para quem sofrem desse mal.

Não é exagero. Um estudo europeu da Clínica Médico-Psiquiátrica da Ordem, de Portugal, veiculado na revista científica “Journal of Psychiatric Research”, chegou à conclusão de que o contato de pessoas deprimidas com bichos, em sua maioria os gatos e os cachorros, leva a uma considerável melhora do quadro de saúde.
O estudo contou com 80 pacientes que apresentavam distúrbio depressivo grave e consistiu em verificar como essas pessoas reagiriam ao contato contínuo com animais. Entre a metade dos pacientes que adotou os bichos, um terço deles manifestou sinais significativos de melhora 12 semanas depois da proximidade com os novos parceiros, segundo a publicação. Já as pessoas que não tiveram contato com os animais, não demonstraram nenhum avanço.
A resposta positiva ao convívio com os pets tem explicação. Ela se dá pela ativação do sistema límbico nos seres humanos, segundo a psicóloga Júlia Oliveira Costa. “O sistema límbico tem a ver com as emoções, e quando as pessoas têm contato com animais, essa parte do cérebro é ativada, liberando endorfina, oxitocina, serotonina, que são hormônios ligados ao bem estar, à sensação de prazer”, destaca a especialista.
A psicóloga, no entanto, faz uma observação: “Sozinho, o bicho não resolve o problema, mas, como uma das estratégias para o tratamento, é muito interessante porque se relacionar com os animais gera prazer para as pessoas, mas não é de uma hora para outra”, explica Júlia Costa, ao afirmar que “quando no contato diário, pode ser ótimo para o paciente”.
A designer Iara Patiño Dias, de 24 anos, sabe muito bem o quanto esse contato diário com os animais é benéfico para a sua saúde mental. Diagnosticada há três anos com depressão, a jovem passa por um momento delicado devido ao fim de um relacionamento, e tem contado com a ajuda dos deus dois gatos, Dory, de 3 anos, e Zoinho, de 8.
“Ultimamente, tenho chorando bastante, pois, além de ter depressão, terminei o namoro. E sempre que choro, Dory e Zoinho se aproximam, me olham e ficam pedindo atenção. Ultimamente, eles andam revezando a atenção. Então quando um sai do meu lado, o outro chega. Ter o carinhos dos ‘bebês’ é maravilhoso, me faz querer voltar para casa, não por estar em casa, mas porque terei duas companhias maravilhosas”, conta a jovem.
Cuidados –  Além de mais alegria, a presença de um animal também traz responsabilidades. E ao ter responsabilidades, o paciente com depressão acaba se esforçando para manter os cuidados rotineiros com seu pet. “Tive um agravamento do meu quadro no início do ano e fiquei um mês como dificuldade para sair da cama, mas não deixava de me levantar para dar comida para meus dois cachorros. Hoje vejo o quanto foi importante”, conta a enfermeira Priscila Maia, que tem depressão há 5 anos.
Kleyzer Seixas Guedes
Jornalista
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