Prevenção sempre é o melhor caminho. O recurso das vacinas para cães e gatos traz um grande benefício, pois há doenças infecciosas e parasitárias muito graves em nosso meio, que não nos permite fugir da vacinação. Para as doenças muito graves e frequentes as vacinas são ditas essenciais, como a raiva, que é uma zoonose de caráter letal e por isso em todos os países é obrigatória anualmente. Outras doenças como cinomose, parvovirose, traqueobronquite por adenovírus tipo 2 e influenza as vacinas são classificadas também como essenciais pelas Guidelines internacionais, porém estamos na América do Sul onde também temos a hepatite infecciosa canina (Adenovírus tipo 1), parainfluenza, leptospirose e coronavirose que não estão em protocolos de alguns países mas aqui estão indicadas e aplicadas pela medicina veterinária. São as vacinas múltiplas ou polivalentes, aquelas 3 doses que seu cão começa a receber a partir de 6 semanas de idade e reforça de 2 a 4 semanas para depois ficar tendo os reforços anuais. Então calma, essas vacinas são aplicadas em seu pet logo que você o leva ao veterinário.
Há também as vacinas ditas complementares, no entanto o que pode ser complementar para uma região pode ser essencial para outra. Por exemplo, leishmaniose não tem essa classificação na América do Norte, mas o Brasil já apresenta essa doença em 25 unidades federativas (www.ceva.com.br) significando uma importante zoonose. E por isso devemos ter um olhar para essa vacina como essencial. Leishmaniose só se inicia a vacinação após ter sido terminada a sequência das três doses de vacina múltipla e isso ocorre a partir de 4 meses de idade. Da mesma são feitas três doses com intervalos de 3 semanas e tendo o reforço anual a contar da primeira dose. Na ocasião da primeira dose na vida desse cão é feito um exame sorológico para atestar a negatividade da doença no animal e aí se prossegue com as vacinas.
Outra vacina complementar é a Bordetella bronchiseptica e parainfluenza canina que fazem parte do complexo respiratório, que podemos comparar à nossa gripe. Ela pode ser intranasal ou injetável. A Bordetella bronchiseptica é a famosa tosse dos canis. E a giárdia também não pode ficar de fora, pois apesar de ser complementar nós temos em nosso meio muitos cães errantes, problemas de saneamento básico e a giardíase sendo uma zoonose deve ser prevenida também.
A leptospirose também aparece nas Guidelines como vacina complementar, porém estão presentes de duas a 4 sorotipos nas vacinas múltiplas, aquelas das três doses, que nós usamos como essenciais com reforços anuais.
Para os felinos as vacinas essenciais são a raiva e a tríplice que protege contra a rinotraqueíte, que é a gripe dos gatos, pelo herpesvirus, muito frequente em gatos errantes, de abrigos, sem histórico de vacinação. Protege também contra a panleucopenia, pelo parvovírus felino e a calicivirose, pelo calicivírus felino. Essa vacinação essencial deve ocorrer entre 8 e 16 semanas de idade em três doses com 8 semanas, 12 semanas e 16 semanas para depois se ter reforço em anos seguintes de acordo com a recomendação veterinária. A raiva, igualmente aos cães, é administrada em dose única com 12 ou até 16 semanas de idade e com reforço anual.
As vacinas complementares para os felinos são contra o vírus da leucemia felina (FelV), cuja primeira dose é aplicada a partir de 8 semanas de idade e a segunda dose de reforço após 2 a 4 semanas e outro reforço um ano depois. As revacinações anuais serão indicadas pelo veterinário conforme o estilo de vida do gato, quando o risco de exposição é alto ou baixo.
Nossa outra vacina complementar para felinos é para prevenção de clamidiose (Chlamydia felis) que também administram-se duas doses iniciais com intervalo de 2 a 4 semanas. Ela está disponível na vacina quádrupla. Felizmente, a clamidiose não é muito frequente entre nossos felinos mas presente em abrigos e gatos errantes (www.zoetis.com.br).
Por fim, o que todos querem saber mais é quando que o filhote está liberado para passear ao ar livre, ficar em creches, hotéis e ter contato com outros animais. Se a aplicação das três doses das vacinas essenciais ocorrem no tempo certo indicado e já tendo passado o prazo de 16 a 18 semanas de idade, cujos anticorpos maternais não vão interferir na produção de anticorpos própria do filhote, então com 5 a 7 dias após a terceira dose já é possível essa liberdade de sair pra passear fora de casa (www.boehringer-ingelheim.com.br/saúde-animal/institucional).
Drª Suzana Cláudia Spínola dos Santos
CRMV BA 1544
Médica veterinária da clínica veterinária Diagnose Animal