Doenças graves que podem afetar os gatos

Os nossos queridos gatos podem apresentar algumas doenças próprias, que causam muita preocupação aos seus tutores. Há as que são causadas por vírus, que são as mais frequentes como FIV, FelV, PIF, Rinotraqueíte, Panleucopenia e Calicivirose. E bacterianas, como a Micoplasmose, transmitida pelas pulgas.

A Raiva, já abordada como uma das doenças que acometem os mamíferos, é facilmente prevenida pela vacinação. Vírus pertencente à família Rhaddoviridae e gênero Lyssavirus, é letal para os felinos e a contaminação se dá por mordeduras ou lambeduras. Mais comum ocorrer em ambientes externos, visto que gatos domiciliados são frequentemente vacinados. Afinal a vacinação não é apenas para os cães e é um grande ato de responsabilidade com os gatos de estimação (www.saude.gov.br>saude-de-a-z>raiva – Guia de Vigilância em Saúde).

As retroviroses mais bem estudadas nos felinos são a da Imunodeficiência (FIV) e da Leucemia Felina (FelV). O vírus da FIV é um lentivírus que pode causar a síndrome da imunodeficiência adquirida favorecendo que ocorram riscos de infecções oportunistas, doenças neurológicas e tumores. Na maioria das vezes a infecção por FIV não desenvolve a síndrome clínica e os cuidados normais para o felino infectado pode levar ao prolongamento da vida do mesmo por muitos anos, podendo vir a óbito quando bem idoso de causas não correlacionadas ao vírus da FIV.

O vírus da FelV é um oncornavírus mais patogênico que o vírus da FIV. Mas também quando se toma medidas de cuidados no manejo, os gatos domiciliados positivos podem viver muitos anos com boa qualidade de vida. Os gatos podem não apresentar sintomas mas alguns podem desenvolver linfoma, anemia, sinais neurológicos e infecções secundárias recorrentes (BONAGURA; TWEDT. Kirk’s Current Veterinary Therapy XV. Elsevier Saunders:2014)

O vírus da Leucemia Felina (FelV) é um retrovírus reponsável por causar mortalidade nos gatos que se contaminam e desenvolvem a doença, através de contato por lambeduras, recipientes de água e alimento comunitários. Os principais sinais são febre, letargia e aumento dos linfonodos. Quando os vírus caem nos intestinos e glândulas salivares passam a ser disseminados no ambiente através das fezes e saliva. Mas nem todos os gatos desenvolvem a doença. Alguns podem ter a infecção regredida pelo sistema imunológico do gato, podendo ser definitiva essa regressão, como pode ser reativada em animais com alguma situação de imunossupressão, desenvolvendo a doença. O diagnóstico pode ocorrer por exames sorológicos pesquisando anticorpos ou através da pesquisa do DNA do vírus por técnica de PCR (Polimerase Chain Reaction). A prevenção com a vacina quíntupla é a melhor opção a ser feita para os gatos negativos que têm fator de risco de se contaminarem (www.zoetis.com.br).

A Panleucopenia Infecciosa Felina é causada por um parvovírus felino, que se dissemina entre os gatos através de secreções por inalação ou ingestão das mesmas. Os principais sintomas são apatia, perda do apetite e diarréia. O hemograma apresenta uma redução dos leucócitos bem drástica. A única medida preventiva é a vacinação por tríplice ou quádrupla ou quíntupla felina (www.revista.inf.br – ISSN:1679-7353).

A Rinotraqueíte Felina é uma doença que atinge o sistema respiratório, causada pelo herpesvírus felino 1, muito comum em gatos não vacinados e expostos a ambientes com gatos contaminados, que eliminam os vírus através de secreções nasais e lacrimais. Além de sinais respiratórios semelhantes aos de uma gripe, podem aparecer sinais oculares com inflamação da córnea com edema que podem levar até à cegueira. Apresentam anemia, depressão e narinas e olhos podem apresentar infecções bacterianas secundárias. O diagnóstico clínico é muito clássico, mas podendo ser confirmado através de exames hematológicos de pesquisa do vírus (https://home.unicruz.edu/seminário ; https://dx.doi.org/10.3738/na.v4i1.575 ).

A Calicivirose felina, causada pelo vírus da família Caliciviridae, tem como vias de infecção a respiratória, oral e conjuntival. Desenvolve necrose e ulceração no trato respiratório e cavidade oral, levando a espirros, secreção nasal e conjuntivite. Há indivíduos que se recuperam do quadro respiratório e chegam a desenvolver infecção persistente na orofaringe tornando-se portadores crônicos, podendo eliminar os vírus por toda vida.

A Peritonite Infecciosa Felina (PIF) causada por um coronavírus pode desenvolver infecções intestinais com sinais gastroentéricos leves. Pode ocorrer a forma efusiva com líquido no espaço pleural, cavidade peritoneal, espaço pericardial e subcapsular dos rins. Como pode ocorrer a forma não efusiva piogranulomatosa ou com lesões granulomatosas em vários órgãos. E alguns gatos podem apresentar as duas formas. O diagnóstico advém do somatório dos achados clínicos, de imagem e laboratorial como imunofluorescência e pesquisa do vírus por PCR a partir do fluido peritoneal. Em gatos com a forma não efusiva pode-se chegar ao diagnóstico clínico e confirmar com achados histopatológicos (biópsia) de tecidos com o vírus e por imunohistoquímica (BONAGURA; TWEDT. Kirk’s Current Veterinary Therapy XV. Elsevier Saunders:2014).

Saindo das viroses vamos para a micoplasmose felina causada por uma bactéria chamada Mycoplasmahaemofelis, transmitida através das pulgas e carrapatos. Também chamada de Anemia Infecciosa Felina, na maioria das vezes é subclínica, podendo agudizar e levar à anemia hemolítica que se não diagnosticada e tratada a tempo pode levar ao óbito. Pode ser diagnosticada por esfregaço sanguíneo ou pela técnica de PCR. Existem quatro fases para a miciplasmose: A fase pré-parasitária onde a bactéria está no organismo sem se multiplicar e pode levar até seis semanas sem sintomas para o gato; A fase aguda que já tem sintomas com uma anemia de leve à hemolítica grave; A fase de recuperação que é quando não há mais anemia e; A fase assintomática onde o gato não tem sintomas mas é um portador da bactéria, podendo permanecer por meses ou anos após o fim do tratamento. Os principais sintomas são apatia, fraqueza, anorexia, emagrecimento, mucosas pálidas, aumento do tamanho do baço e por causa da hemólise intensa pode apresentar icterícia (COELHO, P.C.M.S. et al. Micoplasmose em Felinos Domésticos.Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária – ISSN:1679-7353).

Então, o ideal é que os gatos não peguem pulgas nem recebam contaminação de sangue de outro gato infectado e para isso temos que manter as boas práticas de prevenção e higiene. Gato saudável é gato feliz e família feliz!

Dra. Suzana Cláudia Spínola dos Santos – CRMV BA-1544
Médica Veterinária da Clínica Diagnose Animal

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2 COMENTÁRIOS

    • Maria Tereza,

      Agradecemos sua interação. Sua opinião é valiosa para nosso trabalho e nos estimula a produzir ainda mais. Se puder e quiser nos siga no Insta: @petshopshowoficial.

      Grande Abraço,

      Equipe Pet Shop Show
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