Famílias multiespécies

Cada vez mais comum tem sido a formação de famílias multiespécies, que são aquelas formadas por humanos e não humanos, reconhecidas pelo vínculo afetivo existente entre esses seres e relação solidária, onde se reconhecem as necessidades específicas de cada uma das partes e o benefício que cada uma delas traz a esta relação.

Quem convive apenas com seus pares humanos, dentre tantas questões, pode não compreender a forma como estas famílias sendo tão diferentes entre si, conseguem se entender e conviver, mas elas se comunicam muito bem, interagem, compreendem seus sentimentos e se ajudam mutuamente.  Há entre essas partes cumplicidade, compaixão e muito afeto, pode acreditar.

A Comunicação entre humanos e animais domésticos

Mesmo pertencendo a classes de animais distintas, estas espécies conseguem se comunicar através de olhares, gestos, sons… cada um à sua maneira, se entendem muito bem.  A convivência faz essa comunicação acontecer de forma natural e espontânea entre esses membros familiares.

 

Entendendo um pouco sobre os animais domésticos e sua inserção na vida humana

Os animais domésticos podem ser definidos como aqueles acostumados ao convívio humano, sendo os cães e gatos os mais comuns. Algumas famílias incluem outras classes de animais em sua convivência, mas em sua maioria são animais silvestres que foram adaptados ao convívio humano. Aqui vamos tratar apenas das relações mais comuns que são as dos felinos, caninos e suas famílias humanas.

Os felinos

Os gatos foram introduzidos às famílias inicialmente para proteger colheitas de grãos que atraiam muitos roedores, sendo assim, por sua capacidade e interesse em caça desses pequenos animais nocivos à saúde, os gatos foram trazidos às famílias humanas e com o tempo se adaptaram muito bem, sendo hoje em muitos casos, tratados como reis em suas casas.

Brincadeiras à parte, os gatos se adaptam muito bem ao convívio humano, são inteligentes, carinhosos, amorosos e muito companheiros, são considerados por sua sensibilidade, misticamente protetores espirituais de seus humanos. 

Gatos são geniosos, fazem o que querem, conquistam quase tudo que desejam e roubam corações, seduzindo, usando charme e beleza que lhes são habituais. Eles se acham donos dos humanos com quem convivem, normalmente elegem uma pessoa na casa para amar mais e fazem questão de demonstrar isso. São dominadores e têm dificuldade de se adaptarem a novas rotinas, também, fazem parte do “ser gato”, a natureza impositiva, assertiva e dominadora, são criaturas misteriosas, engraçadas e muito interessantes.

Os Caninos

Já os cães são fiéis escudeiros, amam incondicionalmente, são capazes de dar a vida por seus tutores, completamente dependentes de sua família, interagem, demonstrando esse amor e fidelidade em todas as oportunidades possíveis.

Os caninos foram inseridos à vida humana nos tempos primórdios, na época em que os homens iniciaram o trabalho na agricultura, ajudavam no trabalho pesado e, por seu instinto de proteção e dependência mútua, foram se tornando imprescindíveis às famílias.

Com o tempo os cães conquistaram um espaço importante de afeto dentro de muitos lares, com seu companheirismo e lealdade, um excelente par para todas as horas. São capazes de compreender cada um de sua família com clareza, enxergando necessidades e particularidades de cada membro.

Ainda que tenha um escolhido dentro deste núcleo familiar, ele é capaz de dar a vida por qualquer um que o integre, sua capacidade de amor é algo incomparável e grandiosa, como só a convivência com esses seres incríveis pode ensinar.

Convivência entre cães e gatos

Crédito: CHENDONGSHAN – stock.adobe.com

Os caninos e felinos têm histórico de serem seres rivais e de fato quando não há convivência entre os mesmos, ou lhes foram ensinados a serem agressivos, eles podem reagir negativamente com a presença um do outro, mas esse é um comportamento passado e muitas vezes ensinado por seus tutores, prova disso é a quantidade de animais de espécies diferentes que convivem muito bem em seus lares e muitas vezes até em situação de rua, onde eles, mesmo sendo diferentes uns dos outros, se protegem e se ajudam mutuamente, ou seja, a agressividade entre essas espécies trata-se de uma expectativa criada a partir de comportamentos passados de geração em geração.

De fato, há alguns cães que não gostam de gatos e vice-versa, mas são situações que podem ser transformadas, com paciência e acompanhamento.

O aprendizado de uma convivência multiespécies

A convivência com seres diferentes nos ensina a olhar com compaixão para o outro, a ler nas entrelinhas o significado dos gestos, a antecipar-se nas necessidades alheias, abrir mão, quando necessário, de algumas de nossas vontades, nos ajudando a nos desprender do egoísmo, aprendemos sobre o desapego e também a cuidar do outro, sobretudo, passamos a entender o que é amor verdadeiro, lealdade e verdade.

Não há nada mais verdadeiro que o amor de um animal, ele é sincero quando lhe recebe com alegria na porta de casa, ele realmente está feliz porque você chegou, não importa se você trouxe algum mimo ou não, ele apenas está feliz com sua presença e isto é um privilégio. Esse amor é um raro presente.

Talvez sejam essas as razões do número crescente de famílias formadas por seres tão diversos, nessas diferenças nos complementamos, ao trazer um animal para nossa vida, o estamos salvando, mas eles estão também, resgatando o que há de melhor em nós.

Ficamos aqui na torcida para que essas famílias se multipliquem e que cada vez mais, que essa diversidade faça parte de nosso cotidiano, nos ajudando a transformar o mundo em um lugar mais acolhedor e caloroso, porque como já dizia o poeta Carlos Drummond: “De amor, andamos todos precisados”.

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