A finitude da vida dos pets

Quando pensamos em trazer um animal para nossa vida, raramente, refletimos sobre o tempo que durará essa relação, não que isso deva ser um fator determinante, afinal, que garantias a vida nos oferece? Cabe-nos, de fato, viver o momento presente, logo, pensar sobre quanto tempo será esse tempo de convivência com o membro pet da família, torna-se apenas um detalhe ao qual não deveríamos usar como fator de decisão, pelo contrário, devemos sim, aproveitar da melhor forma possível esse tempo de alegrias, aventuras e travessuras com nosso maravilhoso pet e aprender com ele sobre amor incondicional, companheirismo, leveza e felicidade que é o que realmente importa.

Um pet em sua vida, significa viver experiências únicas que trazem crescimento e despertam as melhores virtudes de cada um, mas isso você já sabe, se não, aconselhamos que experimente.

Os animais são intensos, amam loucamente, como se não houvesse amanhã, eles têm pressa para tudo, parecem viver o tempo de outra forma, por isso, meia hora que o tutor passe fora de casa, lhes parece uma eternidade, quem já foi recebido por seu cão após ir buscar um lanche na portaria do prédio sabe do que falamos. Talvez, o pouco tempo em que eles podem experimentar e compartilhar a vida conosco, explique essa relação intensa e muitas vezes eufórica.

Analisando ainda, sob outro ponto de vista, podemos compreender que essa capacidade de sentir profunda e muitas vezes, de forma exacerbada, permite que os animais não precisem viver fisicamente tanto tempo quanto os humanos, é ai que começam as nossas questões, como lidamos com a ausência desse amor, dessa convivência e dessa presença quando eles partem de forma definitiva? Como lidamos com sua finitude precoce? Trazemos aqui alguns pontos e convidamos a psicóloga clínica Juliana Araújo – CRP 17242-BA, pra nos auxiliar respondendo algumas questões.

Como normalmente o tutor lida com a perda do seu pet?

“Lidar com a perda não é uma tarefa fácil e nem conviver com o luto, independente de que a perda seja de pessoas ou animais. Em se tratando de animais de estimação, repentinamente o tutor se dá conta de que aquele pet que tanto ama encontra-se em estágio final da vida, pensar na possibilidade da morte iminente já se torna uma abertura para uma possível antecipação do luto. A maioria das vezes, quando esse processo de finitude da vida do animal chega, iniciam-se também inquietações na vida do seu tutor, um misto de emoções, sensações que levam a negação, desesperança, raiva, inconformismo. Vivenciar a realidade da perda aos poucos, perceber o fim do animal, não impede a esperança de um milagre, ou ainda que não se espere por este milagre, a angústia de ver a partida do seu pet trará inevitavelmente, uma tristeza profunda a qual precisará ser tratada, a fim de não acarretar um impacto muito grande na vida de toda família ou só do tutor, tornando eventualmente necessária, alguma intervenção terapêutica”. 

Como se preparar para esse momento?

“Isso é muito relativo, porque cada pessoa reage de uma forma, podendo o sofrimento ser mais ou menos intenso a depender do indivíduo. O foco deve ser buscar mais a compreensão do que aceitação, pelo menos a princípio, pois a aceitação não vem de uma forma rápida e fácil, exige tempo e entendimento. O tutor precisa viver esse luto, sentir esse momento para ressignificá-lo de uma forma mais consciente, respeitar seus sentimentos e tentar lidar com a saudade aceitando o óbito do animal. Entendemos que sempre há uma expectativa de que esse pet viva por muitos anos, até porque existe um sentimento, um vínculo muito forte, porém a vida dos animais é bem menor que a nossa, precisamos compreender e aceitar este fato. Ter um momento para simbolizar a despedida do animal também é muito importante para aliviar um pouco mais a dor da perda”.

Como enfrentar a decisão quando houver necessidade de eutanásia?

Esse é um grande temor do tutor, essa decisão vem com um peso de dor, culpa e responsabilidade, mas de certo modo, para determinadas situações, essa pode ser a alternativa que solucione toda dor daquele animal e traga certo alívio para o que ele esteja passando. Já por outro lado, surge a dúvida se realmente será preciso partir para essa escolha. Quando o profissional veterinário avalia e detecta que é necessária essa intervenção, o tutor precisa tentar se familiarizar com a ideia e se sentir acolhido pela família, passar mais tempo perto do animal durante seus últimos dias de vida, ir se despedindo aos poucos do seu jeito, e pensar que a decisão foi para um alívio de uma dor maior tanto para o pet, quanto para o tutor que vivencia desse momento”.

O que fazer com as lembranças? 

“Após a morte do animal, pensar em como serão os próximos dias, pensar em ver cada cantinho da casa sem ele, a caminha vazia, pode ser desesperador, o primeiro pensamento que vem é: o que fazer com tudo isso? Mesmo não tendo forças a princípio para tomadas de decisões, é importante que mais à frente o tutor faça doações, pois doar o que foi tão importante para seu pet pode ser muito útil e ajudar outros animais que estejam precisando de uma caminha, de uma vasilha de comida ou de água, remédios, artigos de usos de higienização… Mas lembrando de que tudo tem seu momento e tempo, só deve fazê-lo quando sentir-se reparado para tal. Se preferir também pode guardar algo como recordação, o que se tornará uma lembrança especial e que estará sempre ao alcance, além da memória”.

Juliana Araújo CRP 17242-BA é Psicóloga Clínica, Pós Graduada em Neurodesenvolvimento Atípico Infantil: comportamento e aprendizagem, apoiadora do Projeto Petshopshow, dentre diversas demandas, vivencia também atendimentos de tutores e suas famílias na elaboração do luto por seus pets.

 

Depois de esclarecer o quanto é legitimo e o quanto essa perda nos afeta, propomos ir um pouco além nesse tema e enveredar por questões de ordem prática, que apesar do sofrimento são necessárias em ser abordadas.

A difícil decisão da eutanásia de animais domésticos

Primeiro é preciso deixar claro que hoje os animais contam com uma lei em sua defesa que proíbe a eutanásia, como simples ação de abreviação de sua vida, ou como controle populacional, no caso de animais em situação de rua. Trata-se da LEI 14.228/21 sancionada em setembro de 2021, “que proíbe a eutanásia de cães e gatos de rua por órgãos de zoonose, canis públicos e estabelecimentos similares, exceto em casos de doenças graves ou enfermidades infectocontagiosas incuráveis que coloquem em risco a saúde humana e de outros animais”. (Fonte: Agência Câmara de Notícias), mas de forma madura é preciso falar sobre casos, em que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e cura, o animal encontra-se em profundo sofrimento e dor, restando-lhe como única alternativa de dignidade e qualidade de seu bem estar, a eutanásia como opção, salientando de que essa prática só pode ser feita por um médico veterinário.

A eutanásia em animais é uma técnica de morte assistida, conduzida por um profissional especialista que no caso é o médico(a) veterinário(a), usada em casos extremos, aplicada quando o animal está comprovadamente em processo irreversível de sofrimento extremo, sem nenhuma chance de recuperação da sua saúde. Acontece de forma controlada, humanizada, sem dor e buscando o mínimo estresse possível para o animal.

No Brasil é o Conselho Federal de Medicina Veterinária – CFMV, o Órgão responsável por regulamentar a eutanásia em animais (RESOLUÇÃO Nº 1000, DE 11 DE MAIO DE 2012 Fonte: ttp://www3.cfmv.gov.br/portal/public/lei/index/id/326).

No caso dos animais domésticos, esta é uma decisão que o tutor precisa expressamente concordar após ouvir do profissional todas as possibilidades e, é certamente, um momento muito duro e pior ainda será acompanhar esse processo até o fim. É uma questão muito dolorida, mas que precisa ser vivenciada, quando for o caso.

Muitos tutores despendem-se de seu companheiro pet e o entrega ao médico veterinário para que o mesmo conduza sozinho, o processo de partida, ficando o animal em seus instantes finais longe de seu grande amor, porque é isso que você é para ele, não apenas o seu tutor, então por mais difícil, e será mesmo para você, não o deixe nesse momento, se você não estiver lá ele vai ficar lhe procurando, não o deixe passar por isso sozinho, esteja ao seu lado, lhe permita ouvir a sua voz, o seu acalanto nestes instantes finais, olhe para ele com gratidão, ele precisa disso, nesse momento é ele que precisa de você, do seu amor e do seu carinho, será difícil, mas é o certo a fazer, permita que ele parta com suas lembranças. Ser gentil com quem está partindo, serve principalmente a estes seres incrivelmente doces e amáveis que nos concederam a honra de compartilhar amor e sua vida conosco.

Depois de passado esse momento, permita-se sentir seu luto, não se importe com o julgamento dos outros, você tem todo o direito de sentir, converse com pessoas que lhe apoiarão e lhe entenderão, tem muita gente que vai lhe compreender. Se estiver muito difícil para você passar por isso, busque ajuda profissional, saiba que você não está sozinho e não é o único a sentir, mas se reerga, lembre-se dos bons momentos que viveram, do quanto esse amor lhe fez crescer, isso lhe ajudará a superar. Adote outro pet! O faça quando você estiver pronto, não para transferir o que você sente, mas para dar a oportunidade de fazer outro animal feliz e ser mais feliz ainda. Sinta a paz de quem amou muito o animal que partiu, de quem deu afago, cuidou, abrigou e esteve com ele em todos os instantes de sua vida. Ele está feliz, em paz e você está gravado nele para todo o sempre. Ele iria querer que você doasse esse amor que tem em seu coração para outro animalzinho que precisa muito de seus cuidados e amparo. Lembre-se, compartilhar é o que os animais mais sabem fazer, muito mais que nós, então faça isso, por ele e por você.

Sabemos o quanto a despedida é assunto é difícil para quem tem um animal de estimação, mas precisamos falar sobre coisas que apesar de nos trazerem desconforto, fazem parte de nossa vida e mais do que falar dessa dor e angústia que é a hora da partida, trazemos aqui o amor, a solidariedade para quem já passou por isso ou para os que em algum momento vão precisar enfrentar essa situação. Nessa hora, busque rede de apoios, braços amorosos para lhe acalentar, se permita sentir, esteja perto de seu pet nessa hora difícil, mas mais do que isso, comece a aproveitar bem a companhia dele, desfrute dos bons momentos que a vida lhe deu ao lado dele. Ter um animal em sua vida é um verdadeiro presente, é descobrir o amor verdadeiro, lealdade e gratidão, aprenda tudo que puder com ele, você tem muita sorte em tê-lo, você é a missão dele, ele veio pra lhe ensinar sobre o amor, desprendimento e lhe trazer muitos sorrisos, retribua e aproveite a vida, a sua e a dele.

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Petshopshow 🐾

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